outubro 10, 2019

Tantas e tanta voltas

O mundo já deu tantas e tantas voltas, desde que escrevi aqui pela última vez.

Já morri e renasci, já fui destruída e remontei os pedaços, já me joguei do penhasco, e todas as vezes eu mesma me resgatei porque é assim que acontece, na maioria das vezes a gente joga a boia pra si mesmo, e nas vezes que a gente se deixa afogar a si mesma são as vezes que a gente aprende quão longe vai com o fôlego.


Ano passado eu fiz 40, não fiz uma grande festa, não comemorei coletivamente, não gritei para o mundo.

Já disse T. S. Eliot, que o mundo acaba num suspiro, e não numa explosão, e eu cada vez mais entendo.

São as pequenas finitudes, essas que se derramam em suspiros discretos, as que mais importam. A grande explosão comove multidões, mas não é ela que põe fim às histórias. Não é ela que permite novos recomeços.

Esses dias eu pedi um sinal. O Universo não falha em me ouvir e me responder, mesmo que muitas vezes eu não esteja muito atenta.

Uma amiga que quase nunca me escreve mandou uma mensagem dizendo que lembrou de mim porque seu navegador autocompletou o endereço do blog antigo. Achei auspicioso.

Eu queria falar do memento mori e queria falar do pão da vergonha, e de quão longos são os processos de entendimento de si mesmo, e quando eu digo longos, eu digo quase uma década para um entendimento.

Não sei se vou conseguir, só sei que esta é mais uma boia que eu lanço a mim mesma, já que ninguém mais vai fazer isso.

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